Para amenizar a ansiedade e a angústia do primeiro dia de aula, planeje a primeira aula do ano com cuidado. Decida o que vai fazer e falar aos alunos. Ensaie suas palavras. Organize o material que usará. Seja profissional: esqueça os problemas pessoais e concentre-se em seu trabalho. Apresentamos abaixo, sugestões de atividades que proporcionam uma carinhosa acolhida aos alunos estabelecendo a empatia e renovando o entusiasmo em aprender.
“Se ele se aproxima muito do afogado e o abraça fraternalmente, ambos afundam. Se ele fica muito distante, a vítima cumpre sua sina de afogar-se sem ajuda. É inútil fingir uma dureza que você não tem ou que nem quer ter. É perigoso usar de muita intimidade. A aula é um momento profissional e você não é amigo dos alunos. Amizade implica isonomia, igualdade, algo inexistente na sala de aula. Pelo mesmo motivo que você não é amigo, você não é o inimigo, pois amizade e inimizade implicam relações pessoais, frequentemente íntimas. Repita para si sempre: sou o professor.” (Karnal, Leandro. Conversas com um jovem professor. São Paulo: Contexto.)
1. Apresentação do professor aos alunos
O mais comum é o professor apresentar-se à turma escrevendo seu nome e disciplina na lousa. Mas você pode variar propondo uma brincadeira de “adivinhe qual é a minha matéria?”.
Comece fornecendo algumas dicas – “eu lido com…” –, e faça, na lousa, uma lista dos elementos relacionados à disciplina de História, mas sem ser óbvio: “números”, “nomes”, “lugares”, “arte”, “livros”, “pessoas”, “política”, “sociedade”, “economia”, “dados estatísticos”… À medida que cada elemento for mencionado, deixe a classe ir lançando suas apostas e escreva-as na lousa. Quanto mais diversas forem as dicas, mais diversas serão as respostas dos alunos que citarão diferentes disciplinas: Matemática, Português, Sociologia, Psicologia, Geografia, História etc. Ao final, releia todas as respostas e enfatize aos alunos que a História é interdisciplinar pois lida com diferentes áreas do conhecimento. A dinâmica só terá sucesso se os alunos realmente desconhecerem o professor e não tiverem em mãos o calendário escolar.
2. Quem é meu/minha professor/a? Uma atividade para o primeiro dia de aula onde o professor é o centro da brincadeira. Pode ser interessante para turmas mais inibidas ou mesmo para aquelas que já conhecem o professor.
Preparação da dinâmica: escreva em pedaços de papel informações verdadeiras e falsas a seu respeito. Misture informações pessoais, familiares e profissionais, como por exemplo, número de filhos, ano ou faculdade onde se formou, se tem irmãos ou não, uma viagem que fez, o que gosta ou não de comer etc.
Vale incluir fotografias ou imagens extraídas de revistas que se relacionam (ou não) com a informação escrita. A dinâmica fica mais instigante se você inserir informações incomuns ou impensáveis pelos alunos.
Calcule 5 informações para cada grupo de alunos lembrando de incluir algumas falsas entre elas. Divida a turma em grupos e distribua as informações.
Eles devem decidir quais informações imaginam serem verdadeiras e quais as falsas sobre você. Dê uns 15 a 20 minutos para eles discutirem e avaliarem as informações.
Divida a lousa em duas partes reservando um lado para as informações verdadeiras e outro para as falsas. Peça para cada grupo levar para a lousa o que decidiram distribuindo as informações conforme julgam ser verdadeiras ou falsas e justificando para a turma porquê dessa decisão.
Ao final, o professor comenta que grupo mais acertou.
3. Dinâmicas de quebra-gelo Há sempre uma tensão na primeira aula especialmente nas turmas novas em que os alunos não se conhecem.
dinâmicas de quebra-gelo têm o objetivo de ajudar a descontrair os alunos e proporcionar uma melhor integração do grupo.
Selecionamos 4 dinâmicas de quebra-gelo:
a) Boas vindas,
b) Valorizando o espirito de equipe,
c) Busque alguém que…,
d) Escravos de Jó.
a) Boas vindas Material: bexigas coloridas e caneta permanente (usada para retroprojetor). Distribuir as bolas e pedir aos alunos que encham e fechem com um nó. Cada um deve escrever na bexiga uma frase ou palavra que expresse suas expectativas sobre o ano que se inicia.
Pode, também, escrever algo relacionado à História que aprenderam: um conceito, um fato, nome de um personagem, uma data, um período histórico.
Terminada a tarefa, todos se levantam e brincam entre si com as bexigas sem deixar que elas estourem. Importante que as bexigas circulem entre os alunos. Ao sinal do professor, cada um pega um dos balões, qualquer um. Os alunos formam grupos de acordo com a cor.
O grupo lê o que está nos balões e conversa a respeito. Pendurar os balões e deixar pendurados durante uns dias até que murchem.
b) Valorizando o espírito de equipe Objetivo: ressaltar a confiança e o espírito de cooperação. Em duplas, o aluno se posiciona de costas um para o outro, ombro a ombro. Em seguida pedir para que cada dupla se abaixe até o chão sem colocar as mãos no chão. Alguns vão cair, outros vão conseguir e isso vai resultar em muita risada e novas tentativas para vencer o desafio.
Terminar a dinâmica falando sobre a confiança que temos que ter no amigo, sobre o espírito de colaboração em equipe e valorização da pessoa.
c) Busque alguém que… O objetivo é os alunos e o próprio professor descobrirem alguma informação sobre os colegas através das questões formuladas em cartões. Isso favorece a empatia entre a turma.
Em pedaços de papel, escreva uma característica a ser descoberta que deve começar com a frase “Busque alguém que”. Por exemplo: Busque alguém que conheceu uma pessoa famosa … fale dois idiomas (além do português). … não gosta de refrigerante. … toma café sem açúcar. … é vegetariano. … toca algum instrumento musical. … já andou a cavalo (ou de moto, de trem, de carro de boi…) … foi no cinema na semana passada. … não tem perfil em nenhuma rede social. … sabe usar a máquina de lavar roupa. … sabe cozinhar. … já morou em outra cidade ou país. É interessante incluir na dinâmica situações típicas de sua cidade como festas populares, personagens locais etc. Cada aluno recebe um pedaço de papel com a instrução. Os alunos devem se levantar e fazer as perguntas para diferentes colegas. Encontrando alguém que corresponda à característica, escreve o nome do colega no papel. E continua procurando mais colegas com aquela característica. O jogo termina quando todos encontrarem pelo menos uma pessoa para cada instrução. Se algum aluno não se encaixar em nenhuma característica, ele vira o “coringa” da turma. Peça para ele contar algo que o diferencie ou que não foi mencionado no jogo.
d) Escravos de Jó Esta cantiga de roda é uma brincadeira de origem africana muito popular e que exige agilidade e concentração. Cada aluno tem na mão direita um objeto igual (pedrinha, copo plástico etc). Sentados em roda começam a cantar a cantiga marcando o ritmo, passando o objeto ao vizinho da direita e recebendo com a mão esquerda o objeto da vizinho da esquerda, trocando-o rapidamente de mão. Quando a letra diz “zigue, zigue, zá”, o objeto é retido na mão direita, e só passado para a pessoa da direita na última palavra.
O jogo tem cinco níveis. Na primeira vez, é cantada a música com a letra tradicional. Na segunda, a melodia é entoada apenas com os sons de “lá-lá-lá” no mesmo ritmo. Na terceira, os jogadores apenas murmuram a melodia no mesmo ritmo. Na quarta, sem nenhum som, os jogadores movimentam os objetos; apenas as batidas na mesa dão o ritmo da cantiga. No quinto nível, o jogo recomeçam acelerando o ritmo.
4. Mensagens de boas vindas
Escolha uma frase inspiradora para escrever na lousa e refletir com os alunos. As possibilidades são infinitas: frases que estimulam a colaboração, a solidariedade, a superação de dificuldades, a busca do conhecimento ou, mais especificamente, a importância da História. Algumas sugestões:
“Não existem sonhos impossíveis para aqueles que realmente acreditam que o poder realizador reside no interior de cada ser humano, sempre que alguém descobre esse poder algo antes considerado impossível se torna realidade.” (Albert Einstein)
“Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la.” (George Santayan).
“Tudo aquilo que o homem ignora, não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho do seu saber.” (Albert Einstein)
“A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la.” (Eduardo Galeano)
“Pensar é perigoso. Não pensar é mais perigoso ainda.” (Hannah Arendt)
“Um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria destruição.” (Simón Bolívar)
“Trago em mim o germe, o início, a possibilidade para todas as capacidades e confirmações do mundo.” (Thomas Mann)
“A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado.” (Marc Bloch)
“Inspiração vem dos outros. Motivação vem de dentro de nós.” (Desconhecido) “Sapere aude” (latim, “atreva-se a conhecer” ou “ouse saber”. Significa ter coragem de pensar por si mesmo. Ela foi dita por Horário, um poeta latino, no ano 20 a.C. em sua obra “Epistularum liber primus”, e depois retomada por Kant, no século XVIII em seu ensaio “Resposta à pergunta o que são as Luzes”.)
5. Filmes inspiradores O ambiente escolar e o trabalho do professor foram temas de centenas de filmes que tratam das relações entre alunos e professor, a escola e a comunidade abordando questões como conflitos sociais, juventude e velhice, tensões políticas, discriminação e preconceitos, dificuldades de aprendizagem, condições adversas de ensino etc. Apontamos, abaixo, 12 filmes inspiradores para o professor refletir sobre os desafios da prática pedagógica e se preparar para mais um ano letivo.
“Sociedade dos Poetas Mortos”. Direção de Peter Weir, Estados Unidos, 1989. Um professor usa métodos incomuns para estimular seus alunos a romperem padrões e valores tradicionais de uma escola conservadora para se tornarem livres pensadores.
“O Sorriso de Mona Lisa”. Direção de Mike Newell, Estados Unidos, 2003. No início da década de 1950, uma professora de arte educada na liberal Universidade de Berkeley, na Califórnia, enfrenta uma escola feminina tradicionalista esforçando-se para que suas alunos se libertem dos padrões sociais conservadores.
“Entre os muros da escola”. Direção de Laurent Cantet, França, 2008. Em uma escola na periferia de Paris marcada pela violência, desestrutura familiar e tensões étnicas, um professor enfrenta a difícil tarefa de ensinar algo a seus alunos seus alunos agressivos e desmotivados.
“Escritores da liberdade”. Direção de Richard LaGravenese, Estados Unidos, 2007. Na década de 1920, em Los Angeles, após violentos distúrbios raciais, uma professora tem o desafio de educar um grupo de alunos brancos, negros, hispânicos e asiáticos reunidos em uma mesma classe pela lei de integração racial.
“Ser e ter”. Direção de Nicolas Philibert, França, 2002. Um documentário muitíssimo interessante. Na zona rural da França, um professor perto de se aposentar ensina 12 crianças cujas idades variam de 4 a 11 anos. Uma realidade diferente das comuns no Brasil, que mostra as dificuldades e empenho de um professor na sua tarefa pessoal, profissional e cotidiana de lecionar.
“Pro dia nascer feliz”. Direção de João Jardim, Brasil, 2007. Depoimentos de estudantes da rede pública e particular sobre medos e anseios no ambiente escolar. Adolescentes de três estados, de classes sociais distintas, falam de suas vidas na escola, seus projetos e inquietações mostrando situações escolares diferentes no país.
“Narradores de Javé”. Direção de Eliane Caffé, Brasil, 2004. Ao saber que o vilarejo de Javé pode desaparecer sob as águas de uma hidrelétrica, seus moradores decidem escrever sua história e transformar o local em patrimônio a ser preservado.
“Quando sinto que já sei”. Direção de Anderson Lima, Antonio Lovato e Raul Perez, Brasil, 2014. Documentário sobre alternativas ao sistema convencional de ensino mostrando que é possível fazer diferente na educação. A equipe visitou projetos em sete cidades brasileiras que têm em comum o respeito pela individualidade de cada aluno e o contexto social em que se inserem.
“Mandadayo”. Direção de Akira Kurosawa, Japão, 1993. A história real de um professor aposentado e seus ex-alunos. Querido e respeitado, o professor, aposentado no início dos anos de 1940, recebia os alunos todos os anos, para festejar sua aposentadoria e comemorar o Madakai, quando os alunos perguntavam Mada kai? (“Pronto?”), e ele depois de uma imensa taça de cerveja respondia Mada dayo! (“Ainda não!”). O filme traz uma reflexão sobre juventude e velhice, entre o tempo pessoal do professor e o tempo histórico do Japão a partir da Segunda Guerra.
“Uma lição de vida”. Direção de Justin Chadwick, Estados Unidos/Inglaterra/Quênia, 2011. Baseado na história real de um africano de 84 anos que luta para receber educação básica e se alfabetizar enfrentando a oposição de pais e autoridades que não querem ceder uma vaga da escola para um homem tão velho.
(fonte https://ensinarhistoria.com.br/primeiro-dia-de-aula/)