segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A literatura africana pede passagem

A literatura africana pede passagem

A produção contemporânea do continente inspira a escrita de contos maravilhosos

Descrição: A literatura africana pede passagem. Elisa Carareto
O realismo fantástico e a linguagem alegórica do moçambicano Mia Couto. A nostalgia pela infância e as expressões regionais do angolano Ondjaki. O mosaico cultural e a recriação de mitos tradicionais do também angolano Pepetela. Uma rápida enumeração de escritores africanos de língua portuguesa mostra quão diversificada é a literatura do continente. Apesar de culturalmente tão multifacetada, a África ainda é associada a um todo homogêneo ou até a um único país. Era o que pensava o 7º ano da EE Professor José Jorge do Amaral, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. Identificando essa percepção, a professora Silvia Luciana Montoro propôs uma sequência didática de leitura de grandes autores e de escrita de contos maravilhosos inspirados neles. 

Para começar, Silvia sugeriu uma discussão sobre a África. Levou um mapa para que todos conhecessem os países que fazem parte dela. Em seguida, explicou que, dentro da pluralidade da literatura do continente, havia escolhido representantes dos países de língua portuguesa para que lessem juntos. "Há a vertente francófona, a árabe, a egípcia, a sul-africana, entre outras. É importante que os alunos saibam que a lusófona é um recorte dentro de todas essas possibilidades", explica André Luis Rosa e Silva, autor de materiais sobre a temática africana. Dividida em grupos de cinco integrantes, a turma pesquisou a vida e a obra dos nomes citados, dos angolanos José Luandino Vieira e José Eduardo Agualusa, dos moçambicanos Paulina Chiziane e José João Craveirinha e do cabo-verdiano Abrãao Vicente, entre outros, e compartilhou as informações. 

Na etapa seguinte, alguns textos foram lidos e discutidos. A turma teve bastante dificuldade no início. "Para não afastar os leitores mais inexperientes, é possível organizar as leituras pensando em uma gradação de desafios", explica Manuela Prado, professora de Língua Portuguesa do Colégio Santa Cruz, em São Paulo. A primeira foi o conto O Cesto (O Fio das Missangas, Mia Couto, 152 págs, Ed. Companhia das Letras, tel. 11/3707-3500, 37 reais). Todos conversaram sobre as ações das personagens, iniciando a análise dos elementos da narrativa. Silvia indicou o conflito, o clímax, as figuras de linguagens, os ditados populares e os neologismos presentes, explicando sobre essas estruturas. Também apresentou a definição da palavra "cesto", retirada de um dicionário de símbolos. Os estudantes relacionaram a leitura às novas informações. Assim, começaram a entender melhor e apreciar a escrita de Mia Couto.
No conto Inundação, do mesmo livro, os alunos deveriam ficar atentos às figuras de linguagem que haviam aprendido anteriormente, como a metáfora, a comparação e a antítese. Também tinham que fazer relações entre o título e o enredo, discutir o desfecho e o clímax da história. Enquanto isso, Silvia pontuava as respostas. A classe também analisou A Fronteira do Asfalto (A Cidade e A Infância, Luandino Vieira, 136 págs, Ed. Companhia das Letras, tel. 11/3707-3500, 36 reais), destacando as ações das personagens e o contexto histórico. Silvia chamou a atenção para a descrição do espaço, fazendo com que todos refletissem sobre como os autores estudados inseriram poeticamente a realidade de Angola e Moçambique em suas obras. 

Continuando as descobertas sobre a África, a professora exibiu o documentário Cartas para Angola
(https://www.youtube.com/watch?v=w6J7tFkJ8RI) , que mostra a troca de correspondências entre brasileiros e angolanos. Cada um redigiu um relato destacando o que achou interessante no vídeo.
Uma lição de mãe 

(...) 
Ashanti ficou com aquelas palavras ecoando em sua cabeça. Acariciou Kito com toda sua força e amor, observando o espetáculo que a noite proporcionara, com as estrelas dançando ao redor da prata que escorregava da lua. 
Ao primeiro sorriso do sol, depois daquela conversa, os elefantes marcharam sem olhar para mãe e filho. 
Após alguns dias, Kito já não tinha mais forças, ele não se alimentara há dias e caiu diante da mãe. 
(...) 
A noite cobriu-os com seu manto estrelado. 
Texto produzido pelos alunos: Carlos Daniel da Silva Dias, Leticia Reis de Souza, Lorraine Alves Silva, Luana Giovana Gava, Melissa de Oliveira Fernandes e Thais Cristina da Silva Bastos
Contos criativos e sensíveis 

Para expandir a percepção sobre a estrutura dos textos que iriam redigir, a educadora apresentou as funções presentes nesse gênero propostas em
 Morfologia do Conto Maravilhoso(Wladimir Propp, 288 pág, Ed. Forense Universitária, tel. 11/5080-0751, 71 reais). O livro apresenta acontecimentos comuns desse tipo de narrativa, como o casamento do herói, o fato de ele receber uma tarefa difícil ou ter acesso a um objeto mágico. 

Silvia entregou cópias de obras como
 Contos do Nascer da Terra (Mia Couto, 272 págs, Ed. Companhia das Letras, tel. 11/3707-3500, 39 reais) e O Fio das Missangas, além de edições digitais, como A Menina Sem Palavras (Mia Couto, 160 págs, Ed. Companhia das Letras, tel. 11/3707-3500, 24,50 reais). Pediu aos alunos que escolhessem um deles para analisar em grupos de cinco integrantes e criassem apresentações com slides para mostrar ao restante da garotada suas impressões sobre o livro escolhido, citando os elementos da narrativa, as características do autor, a intertextualidade e as simbologias contidas nas produções. 

Quando a garotada foi convidada a elaborar suas próprias criações literárias, escolheu pesquisar sobre os animais das savanas, pois eles seriam os personagens de suas histórias. Com a ajuda de Silvia, os grupos de cinco ou seis integrantes planejaram o trabalho. Eles deveriam definir a ideia central, os personagens, os fatos marcantes, preparar o conflito, as ações do protagonista e do vilão. A professora ensinou a classe a usar o Google Docs, que permite que várias pessoas escrevam simultaneamente à distância.
 

No encontro seguinte, a turma foi ao laboratório de informática fazer a edição final e a revisão dos textos, auxiliada pela educadora. Tudo foi organizado em um livro digital, construído com aplataforma Calaméo. Ele, assim como outros materiais, foi para o
 blog, construído coletivamente ao longo do projeto. "Isso permite acompanhar as produções e o desenvolvimento gradual de todos durante as atividades", explica Manuela. Ao fim do projeto, Silvia se surpreendeu com os bons resultados. "Os alunos livraram-se dos preconceitos sobre a África, tornaram-se autônomos na escrita e escreveram contos cheios de sensibilidade", comemora a docente.
Descrição: A literatura africana pede passagem. Elisa Carareto
Por aqui passou Kandy 

(...)
 
Mas Kandy não era diferente ele era especial, todos da aldeia dependiam dele, mas não sabiam. Ele tinha uma missão que era imposta para cada coração puro de sua família.
 
(...)
 
- Kandy se arrume, chegou sua hora, disse o avô.
 
- Mas vovô, não estou pronto.
 
- Kandy, você já nasceu pronto sua força brota dentro de ti e não há leão que há tire de você. Mesmo assim, leve contigo este amuleto. Vá, seu guia o espera.
 
(...) Kandy e Flor continuaram seus caminhos.
Kandy sabia que seu destino o esperava num lugar bem distante.
 
Texto produzido pelos alunos: Ayrton Melo Ferreira, Cauã Baleeiro Silva, Gabriel de Oliveira Pinheiro, Matheus da Silva Alves e Marisvaldo Santos Gomes
1 Repertório variado Selecione exemplos da literatura africana lusófona, pensando numa gradação de desafios: textos mais simples seguidos por outros de maior fôlego. Proponha a leitura deles à classe. 

2 Reflexão sobre a língua
 Com base nas obras lidas, sugira uma discussão sobre os elementos da narrativa de cada uma. 

3 Produção textual
 Apresente referências relacionadas ao gênero conto maravilhoso e proponha uma produção textual. Antes da atividade, ajude a garotada a fazer o planejamento da escrita.

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